terça-feira, 14 de julho de 2009

O QUE VEM PRIMEIRO: A CRIAÇÃO OU A REDENÇÃO?


Se o Cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo, significa que a criação acontece no ambiente da redenção; e não a redenção acontecendo no ambiente da criação, conforme ensina a teologia.
Segundo a teologia prevalente, Deus criou, e como algo deu errado, Ele deu um jeito de amor nas coisas, enviando Seu Filho para resgatar aqueles que, ouvindo acerca Dele, venham a crer; e, então, se continuarem firmes na fé, que significa estar “firme na igreja”, eles vão para o céu.
Mas quem não ouviu, ou ouviu e não “creu” — sendo que estar numa “igreja” é o atestado de que se “creu” —, esse, ou esses muitos (aliás, a maioria absoluta), estão danados num inferno que é visto como um tempo (cronos) sem fim.

Desse modo, a “igreja” é o centro de todas as coisas que concernem ao céu e ao inferno, assim como ela é a parte da humanidade que está salva e tem a obrigação de fazer a outra parte ouvir, aceitar, e entrar para a “igreja”, a fim de ser realmente salvo. É de tal sorte o narcisismo da “igreja”! Essa é a idéia que habita o inconsciente e o consciente da “igreja” e do “cristianismo”.
E é também essa idéia que prevalece nas três religiões monoteístas do mundo: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
Nesse caso, por mais que Deus ganhe, somente Ele pode explicar como ganhou alguma coisa, visto que a maioria absoluta de Suas criaturas vai direto para o inferno. A menos que a alegria de Deus fosse feita das gargalhadas do diabo.
Entretanto, essa é a simples implicação de ser crer que o Deus Criador é um, e que o Deus Redentor é outro; ou que a Graça comum é uma, e a Graça especial é outra; e que os filhos de criação de Deus são todos os perdidos, e os filhos salvos são apenas os que se tornaram cristãos.
O resultado de se crer que há uma dualidade entre criação e redenção, na prática, é aquilo que nós chamamos de História da Igreja. E essa História declara apenas o desastre de tal visão do mundo.
Na realidade, pode-se dizer que a História do Ocidente, e por extensão de influência e poder, de todo o mundo — é a História de como tal visão de um mundo dual pode acabar com a Terra; como hoje se vê.

Entretanto, se o Cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo, o mundo foi criado no ambiente da Redenção; e não o contrário. Ora, tal percepção desconstrói por inteiro o edifício da teologia cristã e acaba com o poder Imperial que a “igreja” tomou para si, desde Constantino.
Além disso, toda a narrativa bíblica ganha sentido; visto que os desastres da criação e as catástrofes humanas — da Queda até hoje —, fazem parte da redenção em processo na criação; sendo que essa redenção é um ato-processo que visa levar a criação e o homem à plenitude deles mesmos; o que só poderia acontecer numa criação que exista já dentro da ambiência da Graça Única.
Se o Cordeiro não fez Sacrifício antes de criar, tudo o mais acontece como remendo de pano novo em veste velha; o que se choca com o modo de Jesus agir. E Ele disse: “Eu e o Pai somos Um”. Na realidade a visão que a teologia cristã tem da Queda e da Redenção é a de “remendo de pano novo em vestes velhas”.
É por isto que não pode jamais dar certo; como jamais deu.
Quem, porém, crê que tudo o que existe já foi chamado à existência no ambiente da Graça, esse nunca mais vê o mundo do mesmo modo; e, em sua mente, jamais a visão das coisas é a mesma.
Mas como tenho dito, as implicações de tal percepção estão para além daquilo que a “igreja” deseja, ou concebe aceitar para si, visto que ela teria que morrer, para poder dar muito fruto.
Somente se na “igreja” houvesse o mesmo espírito que houve também em Cristo Jesus, o qual se esvaziou, se identificou, e não buscou ser nem mesmo quem era (Deus), é que poderia haver algum significado para ela nesta existência ainda. Do contrário, ela não terá qualquer contribuição espiritual a dar à humanidade.
Enquanto isto, os planos de Deus não são frustrados, e Seu Espírito segue abraçando a todas as criaturas; e continua derramando Graça sobre todos os homens,em todos os lugares, segundo a Ordem de Melquisedeque; pois, tudo e todos os que existem, já estão designados para voltarem para Ele; pois, pelo Seu sangue, Ele reconciliou consigo mesmo todas as coisas; as quais, já foram criadas sob o signo da reconciliação eterna realizada pelo Cordeiro antes de todas as criações.
Tal visão, entre outras coisas, nos levaria a tratar da criação como quem ministra um sacramento! No dia em que a visão da fé for a de que a Criação aconteceu no ambiente da Redenção e da Graça, nesse dia, o culto será a vida e a vida será o culto; e a catedral será a existência toda; pois, tudo já é nosso, seja a vida, seja a morte, sejam as coisas do presente ou do porvir; tudo é nosso, e nós de Cristo, e Cristo de Deus.
Nele, em Quem tudo é e todos são,
Caio

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quinta-feira, 9 de julho de 2009

O HOMEM É SEMENTE...

Ninguém foi mais claro e simples do que Jesus quanto a definir as conseqüências que advém de todas as expressões do homem no mundo.
Cada um será julgado pelo que foi. Sim, antes de tudo cada um de nós será julgado pelo que é..., muito mais do que em razão do que se faça.
Esta é a razão pela qual muitos que não fizeram nada de errado serão julgados negativamente, não em razão do que fizeram, mas sim de quem foram, puderam e tiveram..., e, portanto, pelo que podendo..., deixaram de fazer de bom.
Na Parábola das Ovelhas e Cabritos [Mt 25] Jesus nos ensina que a omissão é homicida e atraidora de grave juízo de Deus.
Não é preciso que se faça algo errado... Basta que não se faça nada... e tudo já está errado... Sim, pois até o não fazer, o se omitir, indica quem somos...
Na realidade o que o Evangelho ensina é que não é possível existir sem semear sementes de vida ou morte...
Somos semeadores sempre...
Nosso existir semeia sementes o tempo todo, seja por palavras, pensamentos, sentimentos, atitudes, juízos, ações ou omissões.
Não é possível existir sem semear!
Existir é semear...
Por isto não existe uma existência neutra, como se fosse uma Suíça existencial. Quem existe, semeia...
É por isto que somos advertidos que seremos sempre conhecidos pelo fruto de nossa vida, pois, eu semeio o que tenho no coração.
Mangueiras não dão semente de Fruta-Pão ou produzem flor de cactos.
Foi por esta razão que Jesus foi tão insistente no fato que pelos frutos se conhece o homem, assim como pelos frutos se conhece a árvore.
E mais:
Ele nos deu a mais simples forma de discernir a verdade da vida apenas vendo o fruto da vida.
“Podem ser colhidos figos em espinheiros ou uvas em abrolhos?”
O irmão de Jesus, Tiago, pergunta:
“Pode acaso a mesma fonte jorrar o que é doce e o que é amargo?” — seguindo a mesma lógica da vida ensinada por Jesus.
Paulo nos diz que tratar com descaso tal fato do existir é zombar de Deus, é achar que tal Princípio terá na pessoa que brinca com a vida a sua exceção...
“De Deus não se zomba: pois aquilo que o homem semear isso também ceifará”.
Ou seja:
Quem pensa que pode driblar tal Princípio da Vida, que diz que todo existir produz fruto — bom ou mal; e cada um com suas conseqüências, boas ou más — está brincando com Deus, ou em franco e explicito processo de zombaria de Deus como Criador de todos os Princípios da Vida.
Semear intriga e se queixar de receber ódio é zombaria...
Semear desconfiança e não aceitar colher suspeição ou distancia é brincar com Deus.
Semear corrupção, ou inveja, ou maldade e injustiça, e pretender não colher o desprezo que a maioria dá ao invejoso, o ódio que quase todo homem devolve à maldade e à injustiça recebidos, e ainda perguntar a Deus “por que” e se vitimar diante dos homens como um inocente... — é abominável diante de Deus.
O homem recebe espiritualmente da vida o que espiritualmente semeia na vida; assim como se ele plantar uma semente de uma qualidade e natureza específicas em seu pomar, colherá o fruto que corresponde à semente que ele plantou.
E mais:
Tem-se que saber que Deus perdoa as falsas semeaduras de nossa existência, ou as más sementes lançadas pelo nosso existir, ou mesmo os equívocos de nossas ações, mas, mesmo assim, não nos isenta conhecermos as conseqüências de nossa semeadura existencial e comportamental.
O “malfeitor perdoado” ao lado de Jesus na Cruz foi para o Paraíso, mas colheu todas as conseqüências que sua semeadura humana produziu no mundo.
Aliás, a primeira luz que nele brilhou como ação da Graça de Deus em sua consciência foi compreender que aquilo que o homem semeia ele mesmo ceifa — posto que dissesse: “... nós estamos recebendo o pagamento justo que os nossos atos merecem”.
Você anda por aí cheio de raiva, de cobiça, de amargura, de antipatia, de luxuria, de inveja, de maquinação, de ocultação, de omissão, de manipulação, de mentira, de infidelidade, de ciúmes, de intrigas, de mesquinharia, de intransigência, de desamor, e, depois, espera o quê?
Espera ser amado, querido, respeitado, tratado com dignidade, abraçado com sinceridade?
Sim, espera ficar amigo de Deus, dos anjos e dos homens bons?
Já vivi o suficiente para saber que tudo tem as suas conseqüências.
Sim, podemos até prová-las [as conseqüências] de modo já perdoado, como aconteceu com Davi, mas, mesmo assim, estaremos perdoadamente tendo que viver com as conseqüências do que plantamos.
É também por esta razão que a Sabedoria diz:
“Alegra-te jovem na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias de tua mocidade; anda pelos caminhos e satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos... Sabe, porém, que de todas essas coisas Deus te pedirá conta”.
Ao assim dizer a sabedoria ensina que o homem tem que escolher sempre, e que até as escolhas da juventude mais tenra têm suas conseqüências.
Daí a Sabedoria mandar viver até mesmo nos anos da “irresponsabilidade” — quando “love, then, is something easy to play” — com alegria consciente, pois, mesmo na alegria tola se está semeando algo sempre, e que sempre voltará para nós, não porque Deus o traga, mas apenas porque o semeador e a semente sempre se encontram na vida, posto que na existência o semeador e a semente sempre tenham a mesma natureza e qualidade de ser e existir.
Assim, é preciso realmente saber que tudo o que dizemos, fazemos, pensamos e imaginamos, nós irradiamos...
Sim, até quando nos omitimos e cruzamos os braços...
Outra coisa a se saber é que assim como semeamos em outros, também em nós outros semeiam.
Na realidade existe a semente em mim, no mínimo ambivalente; todavia, com tendência natural a tornar-se apenas mato ou espinheiro.
Entretanto, além disso, outros também semeiam em meu ser desde sempre. São heranças culturais, são influencias na infância, são amizades na adolescência, são traumas familiares, são impressões deixadas por pessoas que passam pela nossa vida..., além das sementes invisíveis das forças e poderes do ambiente espiritual que nos cerca.
No entanto, não se deve culpar os que semearam coisas ruins em nós, pois, culpá-los não salva a ninguém, muito pelo contrário; visto que na maioria das vezes os que assim fazem transferem para outros a responsabilidade..., jamais se curam em relação ao que neles foi semeado como mal.
Eu sou o responsável pelo que semeio e por não deixar que o que foi semeado de ruim em mim... se torne a minha própria semente na vida!
Afinal, é assim que é; pois, tribulação, dor, corrupção e morte vêm sobre a alma de todo homem que semeia o mal; assim como glória, honra, incorruptibilidade e vida eterna brotam como fruto normal na vida de todo homem que busca e faz o que é bom.
Duvidar disso e não atentar para tal realidade imbatível da existência, é como enforcar-se para dormir, esperando acordar um pouco mais descansado...

Nele, em Quem aprendo que aquilo que se semeia, se colhe, mesmo que o perdão nos tenha sido concedido pelo Pai,

Caio
8 de julho de 2009
Manaus
AM

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domingo, 5 de julho de 2009

PREFIRO ME CALAR!


Prefiro me calar quando somente o meu Silêncio é capaz de evitar o barulho incômodo da minha própria indignação.
Preciso me manter calado para que os desafetos, de fato, não afetem a minha paz, nem arranhem meu juízo.
Procuro com o meu Silêncio inspirar a calma e a tolerância no coração dos que alimentam ressentimentos que eu já esqueci.
Procuro com o grito do meu Silêncio fazer com que os ouvidos dos injuriosos se apercebam dos seus enganos.
Nem sempre é possível estar em Silêncio e permanecer calado diante da arrogância daqueles que atiram a primeira pedra.
Às vezes, muitas vezes até, é penoso o esforço de manter a serenidade do Silêncio perante o confronto do egoísmo e das vaidades. Mas assim mesmo eu prefiro o Silêncio e a paz resultantes da certeza que escolhi o melhor caminho que pude, do que a frustração e a dúvida dos que nem ao menos tentaram.
Prefiro a tranquilidade e a paz de ter tentado fazer o melhor mesmo contrariando a descrença e o julgamento precoce daqueles que desistiram.
Prefiro ainda o Silêncio ao invés do revide.
A calma ao invés da inquietação das calúnias.
A tolerância ao invés da provocação.
Prefiro me calar ao invés de proferir palavras que destroem.
Prefiro o Silêncio às palavras que não edificam.
Quero a paz e a tranquilidade que somente o coração que ama possui.
Não quero jamais a amargura e a tristeza que a autossuficiência produz na alma de quem se julga imune aos erros.
Quero no Silêncio da minha voz manter a capacidade de não responder ao que me ofende e às ocultas, denigre o meu nome.
Quero sem palavras, dizer que a ignorância dos fatos, não permitem que eu seja julgado com preconceitos. Que não espero que o meu jeito de ser transforme a maneira de como a indiferença me ve..
Sim, eu quero a paz que o Silêncio de Deus promove na minha alma. Eu preciso ouvir no Silêncio de Deus as verdades que aliviam o meu coração e consola minha alma. Assim, me mantenho calado para ouvir apenas quem pode me dar respostas, mesmo quando não as posso ouvir.
Prefiro o "Não" de Deus que me mantém na esperança, do que o "Sim" da lisonja oportuna que me desvia da fé.
Com meu Silêncio procuro a paz e não a concordância.
Com o meu calar aguardo o tempo da restauração da verdade que me resgate a honra.
Com meu falar contido permito que a lucidez do Silêncio preencha minha mente de oportunidades.
Enquanto permaneço calado diante das ofensas gratuitas, cresce em mim a disposição para a paz e o perdão; aumenta em mim a certeza de que ainda posso ser melhor; que não parei de aprimorar minhas emoções e refinar meus sentimentos. Busco enquanto caminho em Silêncio o meu caminho, me aproximar daquele que perfeito é, Jesus.
Assim, prefiro me calar quando somente o meu Silêncio é capaz de evitar o barulho incômodo da minha própria indignação.

"Duas coisas indicam fraqueza: calar-se quando é preciso falar, e falar quando é preciso calar-se!"

Gérson Palazzo
Santos-SP

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